terça-feira, 4 de maio de 2010

Uma noite com gigantes - União Brasileira de Escritores

Me tirar de casa para algum compromisso é um trabalho enorme e exaustivo, bem sabe Joel Caetano dos quantos convites recebi para suas exibições e educadamente recusei. Claro que acabei por ir à exibição de seu filme no Itaú Cultural, o que não me arrependi e considerei como um belo presente.

Mas desta vez, meu presente foi dado por David da Silva, na noite de 30 de abril, que arrastou a mim e a Ana Paula para a posse de Joaquim Maria Botelho, presidente da União Brasileira de Escritores.

Não posso traduzir em palavras o sentimento de estar por um momento entre as pessoas que são maiores que as pessoas. Ao dividir o espaço com Lygia Fagundes Telles, com o escritor e jornalista Audálio Dantas, e claro o poeta e advogado Djalma Allegro.

Nos lugares que já estiveram Sérgio Milliet, Mário de Andrade, Sergio Buarque de Holanda e a própria Lygia Fagundes Telles é de se curvar respeitosamente.

Devo roubar aqui, uma parte do texto de David da Silva, pois minhas palavras não alcançam a importância do evento.


“Todo jornalista brasileiro deve louvores a Audálio Dantas" (ao centro na foto com Ana Paula Medeiros e eu, Anderson). Audálio comandou o Sindicato dos Jornalistas e foi em sua gestão que o jornalista Vladimir Herzog foi morto nos porões da ditadura. Se hoje, todos podemos ler e nos aprofundar mais em sua história é porque Audálio lutou por essa liberdade.
E nas palavras de Juca Kfouri: "Audálio Dantas, é uma honra ser seu contemporâneo! "


Djalma Allegro ( a direita de Ana Paula ) é “poeta por paixão, jornalista por vocação e advogado por hobby” nas palavras de apresentação do presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho.


Djalma Allegro presenteou David da Silva e a nós com um agradecimento:

”Fiquei deveras honrado com a sua presença (enriquecida de Ana Paula e Anderson)
na Festa da Posse da UBE. ... mas quando
vi Lígia Fagundes Teles, Paulo Bonfim, Nalini e ainda David da Silva, a festa se
completou. Obrigado. Djalma”

é ou não motivo de se fazer respeitosa reverência a essas incríveis pessoas?

Ainda, sou obrigado a reproduzir aqui o belo texto, que nos emocionou muito e que foi lido pelo presidente Joaquim Maria Botelho, (Obrigado Ruth Guimarães por esse presente a minha cultura)

"Para quê e para quem escrevo? Indago de mim mesma e encontro numerosas respostas, possivelmente nenhuma correta. Para obter honra e glória? Para dizer tudo o que penso? Para me aproximar do semelhante? Para tentar derrubar o muro que separa um ser de outro ser? Para aprender o sortilégio da vida, que, de outro modo, não alcanço? Para justificar esta minha existência? Para deixar impressos no mundo os traços da minha passagem? Então, será para mim mesma que escrevo? Ah! Eu conto histórias para quem nada exige, e para quem nada tem. Para aqueles que conheço: os ingênuos, os pobres, os ignaros, sem erudição nem filosofias. Sou um deles. Participo do seu mistério. Essa é a única humanidade disponível para mim. Quem me dera escrevesse com suficiente profundeza, mas claramente e simplesmente, para ser entendida pelos simples e ser o porta-voz dos seus anseios. Meu temário são as acontecências sem eco no mundo, mas que ajudam a explicar a vida e seus segredos, que talvez possam conter a alma imortal de cada um, seja do rústico, seja do letrado, com suas virtudes essenciais. Não realizo o alcance do meu clamor, como não reconheço, fora de mim, gravada, a minha própria voz. Ela me parece feia, inexpressiva, não a reconheço, não é a que escuto com a garganta, minha, em mim, nas profundezas do ser. Falta-me distância, falta-me perspectiva. Depois que escrevo, passo a limpo. Depois de pronto o texto, para ser publicado, dado à luz, não o perfilho mais. Fora de mim, não tem já aquela quente singularidade do instante em que eu o concebia e gestava, em paixão e silêncio. Não significa sequer o quanto vivo a vida, nem quanto a amo. Escreverei, hoje, para hoje? Que é quanto dura uma crônica de jornal? Para amanhã? Para daqui a um ano? Para daqui a uma década, que é quanto dura – quem sabe? – um livro? Não sei. Realmente não sei. Continuo tecendo o meu casulo. Em meus textos, onde estou? Do que dou testemunho, certamente, é que eu estava mesmo aqui, enquanto os escrevia."

Ruth Guimarães

Um comentário:

. disse...

Obrigado pela citação meu amigo, e parabéns pelo texto!!!
Vou te tirar de casa mais vezes, pode ter certeza kkkk!!!

Abraço e força sempre!!!

Joel Caetano